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PStafofóbico?

Resultados digeridos, ânimos refreados na Comissão Política do PS e, porque o caro amigo deu o mote, aqui vai. 

Uns pedem sangue e as cabeças cortadas dos que não ajudaram o PS ou, pior, dos que prejudicaram publicamente o PS. Apesar de ter existido (segundo se consta!) casos comprovados de anti-campanha, o zetafofóbico (com desculpas a CF pela "apropriação" indevida) também anda pelo PS nazareno… cuidado, não vá o justo pagar pelo pecador.
Outros acham que, não obstante o disposto em cima, todos são poucos para a empreitada que nos espera… Basta passar cillit bang e uma esponja por cima e, puf!, já está!, Pá, vamos esquecer tudo que o povo também é ignorante e também vai dar a outra face… e com um sorriso nos lábios!
Outros acham que o verdadeiro e efectivo trabalho político encarregar-se-á de apear “os desalinhados” da carruagem.

Mas vamos um pouco mais atrás…
Os problemas do Partido Socialista têm a sua génese no reinado "monterrosista". Apesar do bom trabalho autárquico desenvolvido por Luís Monterroso e sua equipa, paradoxalmente, o desenvolvimento interno do partido socialista estagnou. Quando se está no poder por muito tempo, quase que não há necessidade de renovar, estimular e formar novos quadros partidários com competências para poderem singrar na política. Aliás, essa formação de novos quadros também não é realmente desejada por quem está no poder. Não vão aqueles ficar muito espertos e tirar o lugar a quem manda! Foi um período de concentração de poderes e de isolamento na tomada de decisões. Consequentemente, foi também nesta altura que antigos e eminentes dirigentes e militantes reconhecidamente socialistas foram sendo afastados ou afastaram-se por não conseguirem vislumbrar uma ponta de sucesso no futuro do PS na Nazaré.

Esta “política de estagnação”, nos termos acima referidos, foi continuada por Isabel Vigia, que pagou a “factura monterrosista” que lhe custou a derrota nas eleições a que se candidatou. Apesar de relevar, timidamente, a importância da Juventude Socialista, não foi capaz de capitalizar a renovação realizada pelos fundadores da JS. Assim foi que, dos novos quadros dirigentes sob a égide isabelista, só três ou quatro militantes persistiram e têm reais possibilidades de conduzir o partido. Outros afastaram-se por completo, desencantados com a “política”.

Em 2005, a confusão continuou. Uns apresentam António Trindade e outros apresentam João Benavente. O processo da escolha do candidato foi do mais triste e vergonhoso que assisti em toda a minha vida. Acabou por ser Benavente o candidato e o PS foi completamente dividido para as eleições. Sim, dividido porque a outra metade estava com Trindade e o seu GCI. Se já era difícil ganhar a CMN a Jorge Barroso em condições de igualdade, facilmente se compreendem os resultados obtidos pelo PS nessas eleições: derrota a toda a linha…

A divisão do PS manteve-se até à indigitação de Vítor Esgaio como candidato às autárquicas que acabámos de sufragar. Finalmente, uma oportunidade de ouro para ganhar a CMN. Aproveitando a experiência que foi acumulando como vereador, Vítor Esgaio posicionou-se desde cedo na “pole position” para ser candidato às Autárquicas. Citando o candidato, Esgaio partiu para estas eleições com o “partido unido e a melhor lista alguma vez apresentada pelo PS a uma eleição autárquica”. Acrescento eu, "e com António Trindade", do ex-GCI que aliás, havia ficado à frente do PS de Benavente nas Autárquicas de ’05. Com uma campanha bem montada, focalizada e verdadeiramente “concelhia” a mensagem do PS chegou a praticamente toda a gente.

Com tantos méritos, o que falhou?
Numa palavra, falta de identidade do PS na composição das listas submetidas a sufrágio. Para além do completo desconhecimento de algumas das pessoas que ocuparam lugares cimeiros, o eleitorado nazareno não gostou de ver candidatos que no passado recente representaram outros partidos contra o PS. O eleitor nazareno queria poder dizer: “vou votar PS porque sei que aquele é mesmo PS!” Faltou também, não obstante o denodado esforço do mandatário para a Juventude, crença no eleitorado mais jovem na capacidade de o PS constituir a resposta aos seus anseios quanto ao seu futuro. Dirão aqui que existiram outros factores para a derrota. Decerto. Mas nestas eleições, foram factores comuns a todos os partidos.

É por isso que um PS de futuro terá de fazer duas coisitas simples ao mesmo tempo que vai fazer destes 4 anos prova de vida: trabalhar muito e com eficácia na CMN e na AM para se tornar um partido levado a sério, e chamar a si novos militantes.
Os Nazarenos querem confiar num PS activo e eficiente, maduro e responsável. Os Nazarenos já deram provas de que sabem exactamente quem querem e por vezes, quem não querem.
Daqui por 4 anos existirão mais de um milhar de novos eleitores que é preciso que votem PS. A Juventude Socialista, a reactivar, terá um papel importantíssimo nesta matéria. Terá de explicar aos jovens que existe outra realidade para além do poder PSD com o qual cresceram. E que essa alternativa é credível.

Ricardo Caneco, militante do PS Nazaré desde 1999.

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