Volta Rui Amado a escrever mais um post sobre a Nazaré, Carnaval e sobre o paleco mais nazareno da Nazaré.
"O Maior Paleco da Praia
Já me tinha referido anteriormente ao tema do Carnaval e das Marchas. Volto agora para vos falar de um amigo comum. O Maior Paleco da Praia, ou melhor, do autor, actor e mentor do personagem, de seu nome Ângelo Cardoso, Manolo para os amigos, baixista e compositor de algumas marchas de sucesso como "Esta Marcha é Tonta" ou principalmente o "Tavas Lá".
Identificada a pessoa, passo a identificar a razão porque decidi escrever sobre ele: creio que nem todos na Nazaré o conhecerão suficientemente bem para perceber a razão porque ele insiste em nos presentear ano após ano com as suas marchas inconfundíveis de linguajar apalecado. Eu acho que percebo, e mesmo sem lhe pedir licença aí vai a minha opinião.
Porque será?
Vontade de dar nas vistas? Não. Senão durante o resto do ano aproveitaria outras ocasiões sociais ou até políticas para aparecer.
Ilusão de que vai receber encomendas de diversos grupos para fazer marchas e ganhar dinheiro? Ele não tem tempo para isso.
Ambição de fazer uma marcha que seja um sucesso e fique conhecida por todos? Apesar de não ter essa ambição, deixem-me lembrar-vos que já o conseguiu com o referido "Tavas Lá".
Pois o que move o nosso amigo, é o que vos move a todos e a mim também. A vontade de brincar ao Carnaval.
Então mas porque é que ele usa termos próprios da gente da praia? Porque é costume na maioria das marchas da praia usar esses termos!
E será que ele ainda não percebeu que o sotaque dele é quase irreal e bem diferente dos que aí nasceram? Já pois, mas lembrem-se que ele é o Maior Paleco da Praia... Ora um paleco há-de falar de modo apalecado... faz parte! Mas principalmente e folclores aparte, é a aceitação de um dos mandamento mais importantes do Carnaval: ri-te de ti próprio e os outros se rirão contigo!
Por último todo o trabalho de composição e gravação é pessoal e cultivado durante diversas semanas, com prejuízo de tempos livres, tal como o trabalho de quem pensa em qualquer das outras marchas dos grupos ou bandas infernais.
É o contributo dele para o Carnaval de todos, e assume a forma adequada à sua arte, ao tempo de que dispõe, à distancia a que vive, e principalmente ao que o diverte.
Por fim, deixem-me cá por um breve dedo na ferida: será que ele tem direito a brincar ao Carnaval, como de um natural se tratasse? Em minha opinião ele já pagou esse direito, com suor e dedicação.
E já agora numa visão mais poética, já repararam que o Entrudo, essa entidade que a cada ano renasce, ergue-se das cinzas do ano anterior e ganha vida, luz e movimento, fá-lo à custa de um alimento... o suor e a dedicação de todos os leais súbditos! Ámen!!!!
Ass: Rui Amado, paleco."